sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A BOA ROTINA DE NOÉ


Percebo que a rotina é algo que parece incomodar a maioria das pessoas, algo que traz desconforto a muitos indivíduos como se fosse o pior dos dissabores. Grande parte das pessoas com as quais convivo e partilho experiências, já deu demonstrações de insatisfação por viver um roteiro, pelo enfado que ele gera.

Dicionários constatam que a rotina é o "caminho percorrido e conhecido, em geral trilhado maquinalmente" ou "seqüência de atos ou procedimentos que se observa pela força do hábito" ou ainda "uso, prática, norma geral de procedimentos".

O apóstolo Paulo elucida com muita propriedade o fato de que somos trabalhadores de Deus (I Coríntios 3:9). A rotina do trabalho cristão gera uma linha tênue entre benção e maldição. Trabalhar na 'grande comissão' é uma preciosa e divina dádiva. Contudo, somos advertidos que o trabalho é árduo (II Coríntios 11:27), e quando isso se choca com a ideologia de que nossa felicidade precisa estar acima de qualquer propósito, um transtorno é gerado em nossa alma.

Se não deixarmos nossa mente ser renovada conforme o apóstolo Paulo nos exorta (Romanos 12:2) podemos sentir o amargo sabor do desgosto e desistirmos. A rotina da fé leva à salvação. A rotina da carne leva à morte. Há uma lição que pode ser extraída da vida de Noé, revelada desde seu nascimento, que demonstra que a rotina do trabalho cristão é boa desde que a administremos com sabedoria.

O livro mosaico de Gênesis nos fornece a seguinte narrativa; "E viveu Lameque cento e oitenta e dois anos, e gerou um filho. A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos por causa da terra que o Senhor amaldiçoou..". (Gênesis 5:28-29).

O Pai de Noé, Lameque - que significa "Jovem Forte", estava decepcionado, fatigado com o trabalho de suas mãos - note a contradição: o Jovem Forte estava cansado: buscando o consolo para o provável enfado de seu trabalho. Então coloca Noé como peça-chave da restauração deste quadro.

A terra dos dias de Lameque estava maldita por causa da humanidade caída, e os homens tiveram que trabalhar arduamente a fim de cultivá-la e dela prover sustento. Atualmente, fomos arregimentados a trabalhar em prol de homens caidos, para que após terem nascido de novo se tornem também discipulos. Não obstante, Noé - que significa "descanso" recebeu um chamado. Construir a arca que salvaria sua familia.

Nós cristãos também podemos cair no engano de achar que em vista de uma vida de trabalho na obra e busca pela santidade, os incrédulos têm uma vida melhor que a nossa. Mas isso é um sofisma. Noé, por exemplo, viveu uma rotina de 100 anos contruindo a arca. Seus contemporâneos buscavam felicidade e contentamento através de uma rotina carnal desenfreada que Lucas, médico e seguidor de Jesus descreveu com propriedade em seu relato sobre o evangelho de Jesus (Evangelho segundo Lucas 17:27).

Este escolhido - motivado por uma profecia proferida direto da boca de Deus de que uma grande inundação viria - convocou sua família e gastou seus dias empenhado em construir algo desconhecido, sustentado unicamente por uma "planta divina", que aos poucos lhe era revelada de maneira pormenorizada.

É provavél que Noé tenha sido ridicularizado, questionado. Certamente até aparentes sábios da época devem tê-lo indagado dizendo, "Veja Noé, você é um excelente servo de Deus, mas já fazem oitenta anos que você está nesta obra. Deus disse que ia vir a tal chuva, e até agora nada. Mas você merece parar e descansar um pouco, pense em sua familia, nos sonhos deles". Mas o fato é que choveu, e aquele povo pereceu.

Não é um erro nos cansarmos em meio a rotina. Muito pelo contrário. No entanto, precisamos tratar com isso para terminarmos a obra pela qual fomos comissonados. Isaías já profetizava há milênios atrás a inefável realidade totalmente disponível a nós (Isaías 40:30-31). Esperar no Senhor é um paradoxo que precisamos viver. Porque esperar não significa nos colocar inertes e apáticos, mas darmos passos práticos. Acredito que Noé teve que fazer isso por vezes, durante os anos que gastou pra construir a arca.

UM TOQUE DIFERENTE


O tato é um sentido de nosso corpo ligado as nossas emoções. Quando abraçamos alguém, por exemplo, podemos gerar conforto. Se um homem acaricia o rosto de sua mulher gera carinho. Existe o toque que gera desejo sexual, afeto, amor ou ódio. Diferentes toques extraem diferentes sensações.

Uma mulher dos tempos bíblicos protagonizou uma cena que quero chamar de “um toque diferente”. Por doze anos, ela – que era viúva – tinha uma hemorragia extra-uterina, que além de consumir suas forças físicas e todo seu dinheiro, a tornava exclusa de sua sociedade contemporânea.

Conforto, carinho e segurança já lhe eram sentimentos desconhecidos, já que a sua enfermidade gerava a agrura de não ser tocada por ninguém. Talvez, o toque usurpador da medicina da época era o único que seu tato notava. E o dissabor do mesmo fazia sua alma já estarrecida acreditar que este era o “ato final da peça” de sua vida.

Jesus então aparece na história e como todo grande herói muda o enredo e vira o protagonista principal, mudando a categoria de drama para ação. E agora podemos ver como que em “close caption” a mulher partindo em direção a aquele que pode curar. Seu pensamento é “se eu só tocar na roupa dele tudo vai mudar”.

De repente o Homem Deus que estava cercado por uma multidão de pessoas, além de seus discípulos – e todos o tocavam – diz: “alguém me tocou diferente” em resposta a indagação de um de seus seguidores de que haviam muitas pessoas que ali o tocavam. “de mim saiu poder”, completou.

Hoje, muitos cristãos estão tocando em Jesus, tocam com ofertas, trabalhando na obra, com canções, ações sociais, entre outras atitudes que visam extrair algo daquele que presenteia os que o buscam. Quero fazer valer da introdução deste texto para afirmar que há um tipo de toque que extrai vida do Senhor.

O toque da dependência, da humildade, do desprendimento, o toque da fé. O toque que vislumbra antes da cura o curandeiro. Que o recebe como salvador e dono, note que, as palavras finais do eterno mestre para aquela mulher foram, “vai filha que tua fé te salvou”. Jesus fez o desfecho da obra destacando a salvação e não a cura.

O discípulo do amor descreve em seu evangelho que viver eternamente é conhecer a Cristo de forma íntima. O valor inestimável de ser a habitação prazerosa do altíssimo me leva a crer que quando toco o Senhor na busca de que Ele sinta-se amado, atrai para mim toda vida, toda prosperidade, todo contentamento de que preciso.

Em dias onde tocar na orla do manto santo banalizou-se a um ato mercenário, aqueles que são guiados pelo Espírito Consolador podem se aproximar mesmo em meio à multidão de dificuldades e fazer uso de um toque diferente. Tocando no Senhor como um filho que ao abraçar o Pai cativa lhe o coração, e com isso ganha qualquer coisa que queira.

Preciosas pratas da casa

Márcio, Paula e Fabíola são preciosas pratas da casa. Estão nesses dias gravando os vocais do CD Porta Aberta. Mas do que talentosos musicalmente eles servem ao Senhor com alegria e altruísmo. Seus testemunhos tem tocado a vida de outros trazendo virtudes de Cristo. Alegro-me em saber que a riqueza que existe em suas vidas poderá refletir em nosso mais recente trabalho musical, cooperando com nossa esperança de que este disco toque a igreja atraindo o poder que em Cristo está.