quarta-feira, 26 de novembro de 2008

TOCA-ME SENHOR




Li em um artigo certa vez, que Leonardo da Vinci passou dez anos de sua vida desenhando mãos, orelhas e outras partes do corpo visando estabelecer maior destreza nos detalhes, para só então pintar esboços completos. Este relato foi pra mim uma lição. Quando queremos fazer algo bem precisamos treinar para isso. Na música, por exemplo, precisamos treinar uma escala por vezes até que se possa produzir através dela um improviso que seja agradável aos ouvidos.

Assim também deve ser a nossa vida devocional. Precisamos nos apresentar diante de Deus constantemente e a pratica disso fará diferença. Não no imutável Deus, é claro. Mas em nós que precisamos ser transformados de “glória em glória”. Mas na caminhada cristã, tal como no esporte, por exemplo, os atletas se contundem. E comigo isso já aconteceu. As distrações do cotidiano nos passam uma rasteira e a carnalidade entra de carrinho. E quando nos apercebemos estamos distantes do Senhor.

Lembro-me de uma vez quando provei desse dissabor. Estava seco, orgulhoso, irritado. Dias se passaram e procurei meu pastor, discipulador, amigo e irmão. Confessei minha miséria e expus minha distância. Além do ombro amoroso, recebi a oração da fé que traz no pacote cura e perdão. Mas faltava algo. Precisava me colocar diante do autor da fé e desnudar meu coração. Assim fiz quando cheguei em meu apartamento. Pensei em algumas palavras, mas não encontrei nenhuma.

Antes do meu próximo pensamento, o Misericordioso entrou no quarto e me tocou. Dai por diante, apenas meu choro falava da necessidade do meu coração tê-lO de volta. Meus ouvidos se abriram e o Pai falou comigo. “Quero que você se torne como criança. Porque as crianças são inocentes, puras, dependem de seus pais, são simples e quebrantadas”. Essas palavras me impeliram a pegar o violão e a bíblia. E naqueles minutos estava convicto de que Deus queria que eu musicasse aquele momento.

As palavras que eu buscava encontrar no momento em que comecei a buscá-lO, vieram como se estivem todo tempo ali e não as escutasse. “Então vem, toca-me Senhor, traz meu coração de volta a ti e faz meu coração bater por ti”. Cantei essas frases por quase uma hora, chorando, cônscio de que uma vida sem a presença sobrenatural de Deus não é válida. Mas que um só momento como aquele era mais valioso do que mil momentos nos lugares mais fantásticos da terra. Assim nasceu "Toca-me".

Moral da música. Se estamos com nosso relacionamento com Deus "contundido", temos um “centro de reabilitação espiritual”. Temos quem nos cuide e nos ame, mesmo quando estamos caídos. Podemos voltar a comparecer de novo diante dele constantemente e seremos aceitos de tal forma que nunca mais sairemos. Então eu te aconselho a continar treinando. Vá todos os dias até a casa do oleiro, porque ele é dedicado e a boa obra que comecou concluirá.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

MINUTOS FINAIS


Desejamos estar com a taça – leia cd – em mãos antes de 15 de novembro. Portanto entramos numa grande correria. Você que nos lê já percebeu que gosto de futebol, não é mesmo? Portanto, vou lhe dizer que entramos nos dez minutos finais de jogo. A partir de agora é concentração total. Hora de tirar fôlego de onde não temos. Em alguns lances contar com jogadas geniais de nossos craques – leia músicos. Que estão suando a camisa.

Sempre atentos ao olhar técnico do professor Zé Mauro - que tem traçado estratégias campeãs – estamos gravando os “pads” de teclado – que não é tarefa fácil. Vai além da técnica, estar inspirado é preciso. Mas em meio à pressão do jogo estamos tranqüilos. Não precisamos mexer no time. Na verdade queremos pedir apenas um reforço. A ajuda da camisa 12. Então, assim como aqueles jogadores que perto do fim do jogo se dirigem a torcida pedindo que ela vibre e cante mais alto, peço a você prezado irmão e irmã que nos lê: Interceda por nós! Afinal nós somos de Cristo, com muito orgulho e com muito amor...

CONTENTAMENTO


Contentamento. Sentimento que norteia o mundo atual. De acordo com meu Larousse Ilustrado - meu favorito dicionário, diga-se de passagem - tal sensação é o estado de estar contente; alegre, satisfeito. É a pró-indicação da bula em cima do criado mudo dos depressivos. A rápida esperança dos alcoólatras, a viagem dos viciados em cocaína. Os minutos de prazer nos braços da prostituição.

Contentamento. Sentimento que norteia o coração do filho de Deus. De acordo com Tito 3:7 (versão King James) “Ele assim procedeu para que, justificados por sua graça, nos transformássemos em seus herdeiros, tendo a vida eterna”. Ato efusivo do cordeiro no calvário. Personificação da real esperança da paz, da alegria e de um futuro. A manifestação da real satisfação ilustrada na cruz.

Contentamento. Sentimento que norteia meu simples coração sujeito à corrupção. De acordo com meus últimos dez anos, após descobrir o valor descrito na canção de Davi, monarca de Israel, amigo do Deus vivo, que dizia: “Provai e vede que o Senhor é bom”. É a experiência, de após anos enxergando apenas flores cinza, pudesse ver pétalas vermelhas e amarelas.

Poesia à parte, provar de uma experiência com o “Deus Real” revela o que, de fato, se tem por contentamento. A faixa “Minha Inspiração” – do nosso cd - surgiu num momento onde meus favoritismos perdiam o sentido. Onde o prato preferido, o perfume que embevece, a paisagem estupefante, o amigo mais chegado, perdiam todo sentido, enquanto eu me encontrava e me descobria ao lado daquele a quem ama minha alma.

Ele é o Pai chegado, porém Santo. O que se fez humilde, mas de toda glória e honra é digno. Meu salvador e amigo. “O teu amor me preenche e satisfaz o meu viver” – trecho da canção - não são apenas palavras arranjadas. São os retratos da minha alma, quando tudo que está ao derredor deixa de ser para simplesmente dar lugar a aquele que é. Desejo que talvez um dia, quem sabe ouvindo nosso cd, você descubra que, o Único, é todo o contentamento que alguém precisa.

Uma inspiração

Felipe, nosso bass player é uma inspiração para mim. Não apenas por ser um discípulo de Cristo aos meus cuidados, tampouco por nossa grande amizade, ou por suas qualidades como músico. Mas pela renovação de sua mente. No passado, Felipão – como gostamos de chamá-lo – era alguém carregado de temor, mas saturado de religiosidade. Mas ao longo dos últimos anos pude notar como através de um relacionamento sincero com Deus, sua vida passou a transmitir um contentamento grato. Uma satisfação por Deus expressa no olhar. No jeito de tocar e adorar. “Continue nos inspirando filhão”.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

RECONSTRUIR


O manejo da composição é um mistério. As idéias podem surgir no trânsito, no café da manhã, no banho, entre outras situações um tanto quanto inusitadas. Uma das minhas experiências mas interessantes com composições, foi a que deu origem à canção “Ponte”.

Foi durante a celebração de um culto. Antes da palavra, Danilo, meu pastor, me falou baixinho sobre o que ele ia pregar e pediu que pensasse numa música para o final do sermão. Ao consultar o meu não muito vasto iPod cerebral, senti um frio na barriga. Não achei nada no banco de dados.

Não entendi até hoje, mas antes de ir para minha cadeira ouvir a mensagem, decidi levar junto o violão. Me dirigi então até o hall de entrada do prédio junto com Danilo, nosso tecladista. Começamos a ouvir as primeiras palavras da pregação, com uma sinergia que nunca mais senti, começamos a escrever o verso, definir a harmonia e com a mensagem chegando ao final, terminamos a música.

Ficamos ainda uns cinco minutos sussurrando a letra pra não esquecermos a melodia e não chamar a atenção. Subimos depois para a plataforma e apresentamos a palavra cantada. Para nós foi muito satisfatório, gerar em parceria com o pastor uma canção que aborda perdão e reconciliação, tão primordiais para o corpo de Cristo na terra. Quantas pessoas eu já conheci que por conta da mágoa, da falta de perdão, estão travadas, presas pelo diabo.

Esperamos que as pessoas que um dia vão ouvir essa música no cd, possam refletir na frase a seguir e serem impulsionadas a dar um passo. “Não sei se quando você olha para trás enxerga pontes caídas. Se há e você tem consciência de que um dia elas foram levantadas por Deus, vale à pena voltar e tentar reconstruir”, Danilo, pastor.

Plantando uma árvore

Há alguns anos conheci Danilo, nosso tecladista. Ele é irmão do Felipe - discípulo de Cristo, sob meus cuidados. Na ocasião sua ponte de ligação com Deus e com a alegria estava caída. Na noite em que pela primeira vez nos falamos como amigos, depois de orarmos juntos por um novo tempo de Deus na vida dele, lembro-me de lhe ter dito que iríamos fazer uma atitude profética. Plantariamos uma árvore juntos, e acompanhariamos seu crescimento comparando com o crescimento da nossa amizade e de seu relacionamento com Deus. O fato é que, naturalmente não plantamos aquela árvore. Mas plantamos uma amizade que cresceu e tem dado muitos frutos de alegria para nós. E vejo que as raízes do Danilo em Deus hoje são profundas e tem alcançado as águas da vida eterna. Suas conquistas apenas começaram, os melhores frutos ainda virão.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

OS OUTROS?



A canção Aviva-me nasceu durante minhas últimas férias em Imbituba, SC, viajei para lá com Filipenses 2:3 - “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” - latejando na minha mente. Considero esse versículo uma das direções mais difíceis da bíblia.

Primeiramente, servir a Deus movido pela motivação correta, sem querer aparecer, sem desqualificar outros ministérios para enaltecer o próprio, mas reconhecendo a natureza carnal e o modo como estamos sujeitos ao erro é um grande desafio, principalmente em dias onde para encontrarmos essas misturas envoltas ao evangelho é preciso apenas ligar a televisão.

Fiquei dias pensando na possibilidade de encontrar algo que criasse uma imunidade ou que fosse um remédio preditivo para esse problema. E para minha surpresa a resposta estava na ‘parte b’de Fl 2:3 - “cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Quando recebi do Espírito Santo tal revelação, me alegrei, como quem descobre que tinha uma nota de R$100,00 no bolso da calça que estava indo pra lavadora.

Mas ao refletir um pouco mais - naquilo que entendi ser a solução prática para o desafio anterior - deparei-me com um desafio ainda maior. É fácil considerar meu pai superior a mim, meu patrão, meu pastor, meu melhor amigo, meu cantor preferido. Mas e os outros? Alias, quem são estes outros? Seriam personagens do seriado Lost?

Brincadeiras à parte, há um versículo que pode ajudar a compreender quem eles são: “Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior” Hb 7:7. Creio que a resposta é essa – aqueles que eu considero inferiores a mim são os outros e a maneira de considerá-los superiores é abençoá-los, de todas as formas que eu puder. E fazer isso ainda que por disciplina até que a pratica se torne vida em meu coração.

Enfim, “Aviva-me” tem o propósito de esclarecer que o verdadeiro avivamento tem esses princípios como coluna, que a chama interna que gera a grande colheita é o amor e a humildade. Os desafios continuam grandes, mas agora sabemos os passos que devemos dar. Que Deus posso reavivar o dom que há em nós, mas que eles sejam movidos através de nós por motivações corretas.

Nosso professor

Zé Mauro além de produtor do nosso cd é o líder do ministério de música de nossa igreja. Conheci poucas pessoas tão competentes musicalmente como ele, para tocar, cantar, compor, além de sua simplicidade e sabedoria. Toda essa ‘rasgação de seda’ tem um motivo. Zequinha é um exemplo para mim de alguém que considera os outros superiores. Sua vida desde que o conheço tem ensinado isso. Não que eu já tenha aprendido, mas agradeço: Obrigado pelas aulas!

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

GUITARRAS EM CAMPO



Uma parte importante da nossa caminhada rumo à taça – entenda isso como a finalização do nosso cd (rs) –acaba de começar. Entra em campo as guitarras. Se fizermos uma alusão entre a função de um jogador de futebol e a função da guitarra neste álbum, podemos dizer que o papel dela é ser o ‘meia’, o camisa 10 dos instrumentos. Sendo assim, nosso craque Fabinho calçou as chuteiras, aqueceu e recebeu a pelota. Já fez os primeiros passes com categoria, ao gravar a faixa que leva o título do disco. Fez também um belo lançamento gravando as arranjos de “Aviva-me". E com essa categoria vamos marcar um gol de placa. Saímos do estúdio dando socos no ar e lustrando a chuteira do garoto, comemorando os bons resultados que conseguimos. Mas como alguém já disse, “o jogo só termina quando acaba”, e precisamos estar atentos às direções do professor Zé Mauro. Teremos ainda importantes clássicos pela frente para gravar. Mas estamos confiantes que nosso camisa 10 vai dar um ‘show de bola’.

Orgulho santo

Conheço Fabinho desde as categorias de base. Aos 12 anos eu tive uma participação em sua vida musical dando a ele algumas aulas de violão. Hoje, aos 18 anos, ao vê-lo gravando e musicalmente superando em muito seu velho mestre – não tão velho assim - meu coração se enche de um santo orgulho – se é que existe isso. Não apenas por sua musicalidade e companheirismo, mas por ver seu testemunho de vida e unção. Alegro-me em saber que um pouco mais a frente sua vida vai poder ser a manifestação de coisas ocultas que Deus vai revelar a ele, coisas que não conhecemos. Fabinho é um discípulo que Cristo me permite cuidar, e sou muito feliz por isso. Mais feliz por ver que ele além de bom músico é uma "benção" em todos os sentidos. Fabinho é de fato um Joãozinho e há uma porta aberta no céu diante dele.

Amor que nunca acaba


Nesta última sexta-feira de trabalhos na produção do cd, terminei minha parte com as cordas gravando ukulele na faixa “O amor nunca vai acabar”. Essa é uma das canções que mais gosto. Percebo que temas como comunhão, concordância, amor e unidade andam meio fora de moda no atual momento da música cristã. Lembro-me de canções com essa temática que marcaram época há cerca de 10 anos atrás. Mas que se tornaram descartáveis para os nossos dias.

Justifico este triste fato desta forma: os ministérios de música construíram importantes pilares na adoração nos últimos anos, mas derrubaram pilares do passado. A mistura de fragmentos do sistema humanista em meio ao evangelho dos nossos dias – caracterizada pela busca materialista de muitos que se dizem nascidos de novo, também justifica isso.

Então, porque não preservar pilares do passado e construir novos? Minha maneira de contribuir com essa ideologia – que para mim é uma sugestão espiritual – é olhar para o passado e para as prioridades da palavra de Deus. Em suma “O amor nunca vai acabar” aborda o que para nós deve ser uma trivialidade.

Jesus fez uma das mais importantes afirmações ao dizer que os que, de fato, amam a Deus, amam seus irmãos. Paulo, o apóstolo, desqualifica experiências sobrenaturais, dons mirabolantes, obras sociais, exaustivos sacricifios, incluindo a fé e a esperança, diante da falta do sublime sentimento chamado amor.

Ukulele

Este primo havaiano do nosso cavaquinho, o ukulele, é um instrumento muito interessante para mim. Além de usado na música nativa do Havaí, este violãozinho de quatro cordas, foi muito importante na história da música americana durante os anos 30, 40 e 50. Atualmente é possível encontra-lo em canções do gênero surf music contemporâneo. Eu o conheci há cerca de 6 anos, e logo me apaixonei por sua incrível sonoridade.

Quando comecei estudá-lo percebi que seu timbre faria uma combinação perfeita para uma musica que abordasse amor e comunhão. Daí nasceu letra e a música. Hoje é muito bacana ver a igreja refletindo e se alegrando ao cantar a canção. Minha esperança é que pessoas sejam motivadas a serem cheias do Espírito, a prosperaram e edificarem o “glorioso reino” baseadas no amor.

1ª João 4:8 - Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor.